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Uma das trilhas mais esperadas por nós em El Chaltén era a trilha para a Laguna de los Tres, uma lagoa que fica no pé do Cerro Fitz Roy e é um dos lugares de onde ele pode ser visto mais de perto. O visual no final da trilha é muito bonito e ela é considerada uma das mais pesadas da região por causa do comprimento e da forte subida que há no final. A estimativa de tempo de caminhada é de 4,5 a 5 horas cada trecho, dependendo principalmente do ponto de partida.

Fitz Roy (no alto à esquerda) e Glaciar Piedras Blancas vistos do mirador - El Chaltén - Patagônia Argentina

Fitz Roy (no alto à esquerda) e Glaciar Piedras Blancas vistos do mirador – El Chaltén – Patagônia Argentina

Laguna Capri, no caminho para a Laguna de los Tres - El Chaltén - Patagônia Argentina

Laguna Capri, no caminho para a Laguna de los Tres – El Chaltén – Patagônia Argentina

É possível começar a trilha de dois lugares diferentes. Um deles é no final da Avenida San Martin, na saída norte da cidade (cerca de 11 quilômetros até a lagoa) e o outro é a Hosteria El Pilar (cerca de 9 quilômetros até a lagoa), que fica a cerca de 14 quilômetros também ao norte de El Chaltén, acessível pela RP23 no caminho para o Lago del Desierto. Nós optamos por partir da hosteria porque a trilha é mais curta e tem subidas menos íngremes e depois voltar pela trilha que chega direto a El Chaltén. Além de ter a oportunidade de ver os dois caminhos (e consequentemente a paisagem em ambos) nós preferimos ir pelo caminho mais leve e voltar pelo mais pesado, já que independente do caminho a ida é subida e a volta é descida.

Hosteria El Pilar, ponto de partida de nossa trilha para a Laguna de los Tres - El Chaltén - Patagônia Argentina

Hosteria El Pilar, ponto de partida de nossa trilha para a Laguna de los Tres – El Chaltén – Patagônia Argentina

Portal no início da trilha para Laguna de Los Tres, no final da avenida San Martin - El Chaltén - Patagônia Argentina

Portal no início da trilha para Laguna de Los Tres, no final da avenida San Martin – El Chaltén – Patagônia Argentina

Reservamos no hotel em que estávamos hospedados um transfer de van para a hosteria El Pilar, que é localizada no quilômetro 17 da RP23. A van nos pegou no horário combinado e seguimos até a hosteria. A estrada é de terra mas tem boas condições e não demoramos a chegar. Na chegada à hosteria tivemos uma amostra grátis do vento patagônico que iríamos enfrentar no dia. Logo ao descer da van meu boné saiu voando e me deu muito trabalho para encontrá-lo no meio do mato. 🙂 Na porta da hosteria identificamos facilmente a trilha e começamos a caminhar. O ponto de partida ainda é fora do parque nacional, o que na prática não faz muita diferença porque em El Chaltén não é cobrada taxa de entrada ao parque. Depois de poucos minutos de caminhada a trilha entra em um belo bosque e caminhamos na sombra. Além de ser bonito ainda ajuda a atrasar um pouco o cansaço. Em pouco tempo chegamos na entrada do parque nacional, facilmente identificado por um portal de madeira indicativo.

Trilha no meio de um belo bosque a partir da Hosteria El Pilar - El Chaltén - Patagônia Argentina

Trilha no meio de um belo bosque a partir da Hosteria El Pilar – El Chaltén – Patagônia Argentina

Portal de entrada no Parque Nacional Los Glaciares na trilha para a Laguna de los Tres - El Chaltén - Patagônia Argentina

Portal de entrada no Parque Nacional Los Glaciares na trilha para a Laguna de los Tres – El Chaltén – Patagônia Argentina

No caminho nós fomos acompanhando as “parciais de visibilidade” do Fitz Roy, que insistia em alternar de coberto por nuvens a parcialmente aberto. O ponto alto é o mirador do Glaciar Piedras Blancas, de onde nós tivemos uma linda vista frontal da geleira além do Fitz Roy . Lá nós paramos para tirar fotos, descansar e tomar um pouco de água.

Fitz Roy (no alto à esquerda) e Glaciar Piedras Blancas, vistos do mirador - El Chaltén - Patagônia Argentina

Fitz Roy (no alto à esquerda) e Glaciar Piedras Blancas, vistos do mirador – El Chaltén – Patagônia Argentina

Perto do ponto onde os caminhos se encontram a trilha deixa de ser em um bosque e passa para uma mata aberta, com uma bonita vista das montanhas. Nós olhávamos para o céu e a sensação era que de teríamos uma linda vista ao chegar ao topo. Animados, seguimos em frente. 🙂

Caminhando em direção ao campamento Poincenot  e ao Fitz Roy

Caminhando em direção ao campamento Poincenot e ao Fitz Roy

Quando chegamos ao camping Poincenot nós entramos para conhecê-lo (e também conhecer o banheiro :P). Ele fica em um bosque e tem uma área enorme. Perto dos banheiros tem até um pá para enterrar o material do número 2. Este é o camping usado por quem pretende ver o amanhecer na Laguna de los Tres, já que a caminhada é longa.

Camping Poincenot, perto da Laguna de los Tres - El Chaltén - Patagônia Argentina

Camping Poincenot, perto da Laguna de los Tres – El Chaltén – Patagônia Argentina

Pá usada para enterrar os excrementos no Camping Poincenot - El Chaltén - Patagônia Argentina

Pá usada para enterrar os excrementos no Camping Poincenot – El Chaltén – Patagônia Argentina

Saímos do camping para uma curta caminhada, ainda tranquila, até o início da subida pesada até a lagoa. Passamos por riachos e pelo Rio Blanco, muito bonito por sinal. A ponte sobre o rio é para uma pessoa de cada vez. Quem somos nós para descumprir a recomendação. 🙂 Logo antes de começar a subida há um rancho de madeira com uma mesa enorme dentro, onde nós resolvemos parar para comer metade do sanduíche que havíamos levado.

Cruzando riachos no caminho para a Laguna de los Tres - El Chaltén - Patagônia Argentina

Cruzando riachos no caminho para a Laguna de los Tres – El Chaltén – Patagônia Argentina

Rio Blanco e sua ponte para apenas uma pessoa de cada vez - El Chaltén - Patagônia Argentina

Rio Blanco e sua ponte para apenas uma pessoa de cada vez – El Chaltén – Patagônia Argentina

Rio Blanco e linda paisagem na trilha para a Laguna de los Tres - El Chaltén - Patagônia Argentina

Rio Blanco e linda paisagem na trilha para a Laguna de los Tres – El Chaltén – Patagônia Argentina

Após o lanche eu combinei com a nerd que eu subiria na frente enquanto ela iria com mais tranquilidade, já que eu queria ter mais tempo na lagoa. E assim fui, pacientemente subindo o caminho de pedras montanha acima. Em pouco tempo o vento começou a dar as caras. Começou devagar, maroto, depois foi ficando cada vez mais forte ao ponto de eu ter que me abraçar a uma árvore para não cair em uma rajada mais forte. Enfim eu fui apresentado ao vento patagônico de verdade, com uma força que eu não acreditaria se não tivesse visto ao vivo. No meio da subida eu encontrei uma pessoa já conhecida de outras trilhas, se não me engano era do Circuito W. Ela me reconheceu e eu pedi que desse um recado à nerd para ela não subir porque estava muito perigoso. Mas mesmo assim eu não desisti, a vontade de chegar era muito grande. Muita gente descia falando para eu desistir porque não dava sequer para ficar de pé lá no alto e não valia a pena, mas eu insisti e continuei subindo. Pra dar um pouco mais emoção começou a nevar! E os flocos de neve quase cortavam o rosto na velocidade que eles vinham. Foi a segunda vez que pegamos neve na Patagônia, a primeira vez foi no tour ao Glaciar Perito Moreno. Mas não seria naquele dia que eu iria ver a lagoa e o Fitz Roy tão de perto. Quando eu já estava perto do topo parei pra ouvir a opinião de um casal que descia quando uma forte rajada de vento me jogou no chão e eu só não desci ladeira abaixo porque bati numa pequena barreira de pedras que cercava a trilha naquele ponto. Era o argumento que faltava para eu desistir e começar a descer de volta. Eu fiquei com medo e comecei a descer aos poucos, quase sentado nas pedras. Em pouco tempo eu encontrei Jodrian, do blog Aventura Mango, e expliquei como estava. Ele resolveu voltar também e mais um pouco abaixo encontramos a nerd e a Rosana subindo aos poucos. Neste ponto passou por nós um guarda parque que estava subindo para mandar a galera descer que o negócio estava tenso. A preocupação com o vento estava tão grande que eu acabei tirando pouquíssimas fotos da linda vista da subida.

Lagunas Madre e Hija vistas da trilha para a Laguna de los Tres - El Chaltén - Patagônia Argentina

Lagunas Madre e Hija vistas da trilha para a Laguna de los Tres – El Chaltén – Patagônia Argentina

Linda vista da trilha para a Laguna de los Tres - El Chaltén - Patagônia Argentina

Linda vista da trilha para a Laguna de los Tres – El Chaltén – Patagônia Argentina

A nerd bem agasalhada e descansando na trilha para a Laguna de los Tres - El Chaltén - Patagônia Argentina

A nerd bem agasalhada e descansando na trilha para a Laguna de los Tres – El Chaltén – Patagônia Argentina

A volta foi pela trilha que vai direto a El Chaltén, mas no começo o vento forte ainda dava muito trabalho. Por algumas vezes tivemos que parar para não sermos jogados pelo vento. E ao mesmo tempo tentávamos aproveitar a paisagem bonita do caminho.

Rio no caminho de volta para El Chaltén - Patagônia Argentina

Rio no caminho de volta para El Chaltén – Patagônia Argentina

Rio no caminho de volta para El Chaltén - Patagônia Argentina

Rio no caminho de volta para El Chaltén – Patagônia Argentina

Nerd inovando na técnica para se segurar no vento - El Chaltén - Patagônia Argentina

Nerd inovando na técnica para se segurar no vento – El Chaltén – Patagônia Argentina

Em pouco tempo chegamos a uma bifurcação onde podemos ir para a Laguna Capri (caminho à direita de quem vem da Laguna de los Tres) ou para o mirador do Fitz Roy (caminho à esquerda). Como estava fechado pro lado do cerro nós escolhemos o lado da lagoa e não nos arrependemos, pois é muito bonita. E na lagoa dava para sentir mais uma vez a força do vento, que mexia muito na água. Em um dia com tempo aberto vale a pena voltar quando os caminhos se juntam e ir também ao mirador. Pelo que vi em fotos é muito bonito.

Placa indicativa das opções de desvio na trilha para a Laguna de los Tres - El Chaltén - Patagônia Argentina

Placa indicativa das opções de desvio na trilha para a Laguna de los Tres – El Chaltén – Patagônia Argentina

Laguna Capri, no caminho para a Laguna de los Tres - El Chaltén - Patagônia Argentina

Laguna Capri, no caminho para a Laguna de los Tres – El Chaltén – Patagônia Argentina

Nas fotos dá pra ver o vapor de água na superfície voando por causa do vento. Há um acampamento na Laguna Capri para quem deseja passar mais tempo por lá. Da lagoa também há uma bonita vista com o Fitz Roy ao fundo e refletido na água, mas que não vimos também porque ele estava coberto. Deve ser muito bonito ao amanhecer com os primeiros raios de sol do dia atingindo o cerro.

Laguna Capri no caminho para a Laguna de los Tres - El Chaltén - Patagônia Argentina

Laguna Capri no caminho para a Laguna de los Tres – El Chaltén – Patagônia Argentina

A volta da Laguna Capri até El Chaltén é de descida com perda considerável de altitude, então vale a pena tomar cuidado. São cerca de duas horas de descida que teriam sido mais tranquilas se meus joelhos não começassem a doer.  E esta é a parte inicial da trilha para quem começa no final da avenida San Martin ao invés da Hosteria El Pilar.

Descida da Laguna Capri a El Chaltén

Descida da Laguna Capri a El Chaltén

A beleza desta parte da trilha fica por conta do vale e do Rio de Las Vueltas. Depois de caminhar ao lado do rio na trilha para o Chorrillo del Salto desta vez tivemos a oportunidade de vê-lo do alto e a paisagem desta perspectiva é também muito bonita.

Linda vista do Rio de Las Vueltas e paisagem ao redor

Linda vista do Rio de Las Vueltas e paisagem ao redor

Linda vista do Rio de Las Vueltas e paisagem ao redor

Linda vista do Rio de Las Vueltas e paisagem ao redor

Na chegada a El Chaltén passamos pelo portal que marca o início da trilha para quem sai direto da cidade e não da Hosteria El Pilar. Foi um grande dia, com lindas paisagens e uma ótima caminhada. Infelizmente por causa de um vento muito forte não chegamos à lagoa mas faz parte da aventura.

Vista de El Chaltén na chegada à cidade

Vista de El Chaltén na chegada à cidade

Informações mais detalhadas sobre a trilha (incluindo mapa com distâncias e altitudes) pode ser encontradas neste post do wikiloc.