Depois de fazermos o Circuito W emTorres del Paine nós voltamos para a Argentina para conhecer outro destino, El Chaltén. É uma jovem e pequena cidade, famosa pelas várias e lindas trilhas, as mais bonitas ainda dentro do Parque Nacional Los Glaciares. Já em nosso primeiro dia na cidade optamos por fazer a trilha até a Laguna Torre, que tem como principal atração a vista para o Cerro Torre. São 11 quilômetros (somente ida) e a estimativa de tempo de percurso é de 4 horas.
Ao final da trilha podemos ver também os glaciares Grande e Torre, além da Laguna Torre. E eles fazem a caminhada valer a pena mesmo que o Cerro Torre esteja encoberto, como normalmente está. Nós fizemos a trilha em um dia limpo e imaginem? Lá estava ele escondido atrás das nuvens. Como o tempo muda bastante na Patagônia nós ficamos na esperança de que ele aparecesse, mas nada. Então nos restou aproveitar mesmo as outras atrações e a beleza da própria trilha.
A trilha tem dois pontos de partida na cidade e nós escolhemos a que sai perto de nosso hotel (estávamos no Hotel Kalenshen). No início há uma longa subida que não era muito íngreme mas subimos em ritmo lento por causa do cansaço acumulado do Circuito W. Algumas placas no caminho indicavam que era proibido cachorros na trilha porque é zona de huemules (acabamos não vendo nenhum). Mesmo no início a trilha já era muito bonita.
Depois de muito tempo de subida chegamos ao mirante do Cerro Torre. De acordo com alguns guias, corresponde à metade da distância até a Laguna Torre. No mirante há uma ampla vista da região e de lá podemos ver o próprio Cerro Torre (poderia, se tivesse limpo) e também o Cerro Fitz Roy! É um bom local para descansar, fazer um lanche e tirar várias fotos da paisagem. Há inclusive uma placa com os cerros e seus respectivos nomes para podermos saber quem é quem. Na foto abaixo dá pra ver o Cerro Solo no lado esquerdo, o Fitz Roy no lado direito e o Torre atrás daquela nuvem no centro. 😛
Depois do mirante a trilha fica muito tranquila, com uma pequena descida e depois um bom trecho plano. Neste trecho havia muitos (e grandes) mosquitos e nós sentimos falta de um repelente. A vegetação era mais aberta mas tinha um verde muito forte. Vimos até lebres correndo pelo gramado.
Depois de um tempo entramos em um bonito bosque de lengas que também serviu para aliviar um pouco o sol que batia na cabeça.
Depois do bosque a trilha encontra o Rio Fitz Roy, que começa na Laguna Torre e vai até a cidade de El Chaltén.
Uns 10 minutos antes de chegar na lagoa nós passamos pela entrada do Campamento De Agostini, onde acampam as pessoas que querem ficar mais tempo perto do Cerro Torre e também os fotógrafos que querem fotografá-lo ao amanhecer. Ele é iluminado pelos primeiros raios de sol (que se põe ao fundo) e dormir por lá é a melhor forma de acompanhar o espetáculo. Obviamente eu fiquei com muita vontade de voltar para acampar por lá.
Quando chegamos na lagoa eu tirei algumas fotos e encontramos um bom lugar para sentar e lanchar. Mas não fiquei muito tempo, já que ainda tinha a última parte da trilha. Depois da chegada na lagoa ainda há um quilômetro a ser percorrido até o mirador maestri, um ponto na margem norte da lagoa onde também tem uma vista muito bonita.
A caminhada até o mirador maestri é curta mas chata porque tem muitas pedras e tem que tomar muito cuidado. Em alguns trechos a sequência da trilha é confusa e teve hora que eu fiquei na dúvida se estava ou não no lugar certo. A grande quantidade de pedras faz com que a trilha não fique batida, dificultando a identificação do caminho correto. No final há uma placa identificando o mirador e aí sim deu pra saber que eu estava no lugar certo. 🙂
No mirador maestri há um pequeno ganho de altitude em relação ao ponto onde a trilha chega na lagoa e a vista é muito bonita! O Cerro Torre não pode mais ser visto (há uma montanha na frente) mas o ângulo pra ver a Laguna Torre, o Cerro Solo e o Glaciar Grande é muito bom.
Em seguida voltei para o lugar onde a trilha chega na lagoa para de lá iniciar a volta para El Chaltén. Mas antes eu tirei um tempo para fotografar os icebergs que estavam perto da margem. Eles se desprendem do glaciar e ficam flutuando na lagoa.
A volta para El Chaltén seria mais do mesmo porque seria igual a ida, certo? Errado. Sempre há a oportunidade de ver algum detlahe na paisagem que não foi visto antes. Ainda perto da lagoa eu tirei esta foto da trilha com o Cerro Solo ao fundo.
Além disso estando na Patagônia há outra variável que sempre deve ser observada: o céu! Quando já estávamos no campo aberto olhamos de volta na direção do Cerro Torre e havia uma linda nuvem no céu. E lá elas mudam o tempo inteiro, então é bom ficar sempre atento porque elas são uma atração a parte.
Depois que passa o mirante do Cerro Torre o caminho até a cidade é só descida e relativamente tranquilo, tirando umas partes com muitas pedras que tem que ter cuidado para não forçar o joelho ou torcer o pé. Ficamos atentos para a bifurcação que divide a trilha em dois caminhos para pegarmos o trecho que não havíamos feito na ida. Não que não tenhamos gostado, mas queríamos ver como era o outro caminho. 😉
Achamos este outro caminho também muito bonito e pelo visto é o principal pois há placas indicando a trilha e com o nome do parque. Em alguns pontos há uma bonita vista do Rio Fitz Roy, que estava bem abaixo do nível em que estávamos.
Já no final há uma forte descida para chegar na cidade e estávamos contentes por estar de volta. Apesar de ser uma trilha considerada moderada ou fácil (eu vi as duas classificações em fontes diferentes), nós cansamos muito por causa do cansaço acumulado do Circuito W. A vista da chegada é muito bonita e dá pra ter uma noção de como é a cidade por cima. Na foto abaixo, a decida forte começa no final do caminho que as duas pessoas estão.
Algumas dicas:
- Na época que fomos (meio de dezembro) nós encontramos alguns fluxos de água corrente no caminho, então achamos que não precisa levar muita água. Saímos da cidade com meio litro e fomos abastecendo quando tinha oportunidade, sempre adicionando um comprimido para purificar.
- Apesar de a trilha ser dentro do Parque Nacional Los Glaciares, não há cobrança de ingressos.
- Fomos sem guia e achamos a trilha muito bem demarcada. Não tivemos dúvida em momento alguma e acho que realmente não há necessidade de fazer acompanhado.
- O tempo previsto para fazer a trilha até o mirador maestri é de aproximadamente 4 horas. Como no verão os dias são longos ela pode ser feita com tranquilidade, podendo parar para tirar várias fotos (sim, você vai querer!).
- Assim como nas outras grandes trilhas da região, vale a pena tentar fazer esta trilha em um dia que não tiver previsão de vento forte. Chegar ao mirador maestri, por exemplo, com vento forte é muito arriscado.
- Para quem quer acampar no Campamento De Agostini, é recomendando ir mais cedo pois este pode encher.
- Para quem quer acampar e ficar mais tempo em contato com a natureza, da própria trilha para Laguna Torre há um caminho que vai para as Lagunas Madre e Hija e também para a Laguna de Los Tres, sem necessidade de voltar a El Chaltén.