Revelando a Foto – Lago do Tauá Grande Hotel de Araxá »
Nosso terceiro dia de caminhada no Circuito W no Parque Nacional Torres del Paine começou cedo, muito cedo. Eu estava morrendo de vontade de ver os primeiros raios de sol batendo nos Cuernos e acordei antes do horário do sol nascer. Faltou apenas combinar com um pequeno (ou não) bloco de nuvens que estava na frente e acabei não vendo o espetáculo do amanhecer. Mas tudo bem, faz parte da interação com a natureza e ainda havia um longo e promissor dia pela frente. Depois de ver as Torres del Paine e chegar a Los Cuernos era o dia de caminhar do Refúgio Los Cuernos até o Campamento Italiano, depois subir o vale do Rio Francês até o glaciar de mesmo nome, esticar até o Mirador Britânico se tivéssemos tempo, descer o vale do rio de volta até o campamento e então tomar o caminho para o Lodge Paine Grande. A distância a caminhar no dia? Cerca de 21 quilômetros subindo até o Glaciar Francês ou 25 se fosse até o Mirador Britânico.
Como estava encoberto e não pude ver o sol nascer acabei voltando para o quarto porque ainda dava para dormir mais um pouco. Qualquer minuto de descanso tinha que ser aproveitado. Quando acordamos, arrumamos as mochilas rapidamente e fomos tomar café da manhã para partir. O tempo estava muito fechado e não dava nem pra ver os Cuernos, que estavam parcialmente cobertos. Uma chuva fina nos fez sair do refúgio já com as capas protetoras de chuva.
O primeiro trecho de caminhada foi do refúgio até o Campamento Italiano e tem no total 5,5 quilômetros. É uma caminhada tranquila com trilhe fechada e poucas subidas. O tempo fechado colaborou para que não cansássemos muito. Ao lado esquerdo nos acompanhou o belíssimo Lago Nordenskjold e foi aqui que mais nos aproximamos dele chegando até sua margem. Uma maravilha!
Além do lago muitos notros (aquelas flores vermelhas), cachoeiras e riachos ajudavam a compor a paisagem. A vontade era de parar a todo instante para tirar fotos mas o dia de caminhada seria longo.
Um pouco antes de chegar no Campamento Italiano nós encontramos pela primeira vez o Rio Francês e começamos a subir ao lado dele para fazer a perna do meio do W. Em cerca de meia hora nós chegamos no campamento onde há uma cabine de guardaparques e a área para camping. As mochilas podem ser deixadas enconstadas do lado de fora da cabine e no início isso nos deixou um pouco desconfiados. Mas resolvemos confiar e arrumamos um lugar na já quase lotada “backpacking parking area” até porque não tínhamos nada de valor nas mochilas e subir o vale com elas nas costas não ia ser uma boa ideia.
No campamento além dos espaços para as barracas há uma pequena área coberta para lanches e alguns banheiros químicos (“Its a hell”, segundo uma turista estrangeira). Nós acabamos não usando. 🙂
Comemos por ali mesmo metade de nosso sanduíche do box lunch e começamos a subir rumo ao mirador do Glaciar Francês. É pouco mais de 2 quilômetros mas é só subida, estava molhado e tem muitas pedras. Subimos devagar para não cansar e nem correr risco de machucar. Mesmo quando estávamos ainda subindo já podia ver parte do glaciar e um cachoeira do lado direito também ajudava a compor a bela paisagem.
No caminho encontramos algumas pessoas e perguntamos se eles tinham ido até o Mirador Britânico. A maioria falava que não porque o tempo estava fechado e não valia a pena. Continuamos então subindo até o mirador do Glaciar Francês para lá decidir se continuávamos ou não.
Quando chegamos ao mirante do glaciar francês caía uma chuva fina que não incomodava mas molhava a câmera quando eu tentava tirar fotos. Depois de algumas tentativas e limpeza de lente eu consegui tirar algumas fotos. A vista é muito bonita e aproveitamos para descansar e beber água. Chegar ao mirante deu uma sensação de primeiro dever do dia cumprido.
A vista é muito bonita e não inclui apenas o Glaciar Francês. Olhando para baixo em direção ao vale do rio por onde viemos caminhando dá pra ver o agora distante Lago Nordenskjold e a paisagem que o cerca. Na direção oposta ao glacier há os Cuernos, agora vistos de outro ângulo. E subindo o vale do rio uma amostra do que nos esperaria no mirador britânico.
Quando os mangos chegaram nós discutimos a respeito de continuar ou não. Resolvemos que Lillian ficaria com Rosana no mirador enquanto eu e Jodrian faríamos uma esticada rápida até o Mirador Britânico. E assim partimos em um ritmo muito mais alto que estávamos seguindo antes. O caminho até o mirador é tranquilo e levemente inclinado (subida na ida e descida na volta).
Apesar de precisarmos ir rápido eu parei algumas vezes para tirar fotos dos belos cenários que encontramos. Logo no início passamos ao lado do Rio Francês e a combinação com o glaciar e as montanhas estava deslumbrante. Mais uma vez (e isso foi uma constante no Circuito W) eu fiquei com muita vontade de voltar com mais tempo para não apenas fazer o trekking mas também poder tirar fotos com tranquilidade.
A maior parte deste trecho é embaixo de um bosque de lengas, com exceção de um pequeno descampado cheio de pedras. Não sabíamos como identificar visualmente o ponto onde era o mirador, o que aumentou a expectativa pela chegada. E como não há indicação de distância ficava difícil saber quanto tempo demoraríamos.
Após uma pequena subida um pouco mais forte enfim chegamos ao Mirador Britânico, que trata-se de uma grande pedra que se destaca no meio de um bosque e de onde se tem uma fantástica vista panorâmica das montanhas ao redor e também do Rio Francês que já parecia pequeno pela distância.
A localização do mirador é privilegiada pois é ele é cercado de montanhas por quase todos os lados. Apenas na direção da trilha ao longo do vale do rio é mais aberto.
Não pudemos ficar muito mais tempo por lá porque ainda tínhamos que descer até o Campamento Italiano e de lá caminhar até o Paine Grande Lodge. Pegamos então a trilha de volta até o mirador do Glaciar Francês para encontrar Lillian e Rosana e de lá descemos também sem muitas paradas até o Campamento. Pegamos nossas mochilas, comemos a outra metade do sanduíche do box lunch e começamos trecho até o lodge.
Apesar de o nível de dificuldade não ser grande, o trecho de aproximadamente 7,5 quilômetros do Campamento Italiano até o lodge foi uma das piores pra mim porque eu já tinha andado muito no dia (com direito a subir muitas pedras) e também por causa do cansaço acumulado dos dois dias anteriores. Meu pé e joelho estavam muito doloridos e como eu tive um princípio de torção do pé direito na descida do vale francês eu acabei mantendo um ritmo mais leve e tomando mais cuidado.
A trilha, como sempre, era muito bonita. Era mais fechada no início mas depois foi se abrindo. Eu parava muito para olhar pra trás e ver os Cuernos por outro ângulo, já que a cada passo eles ficavam mais longe. Eles são bonitos por todos os ângulos.
Aos poucos os Cuernos vão ficando mais distantes mas aparece o Cumbre Bariloche, menos famoso mas também bonito.
No meio de tanto beleza, a parte triste. Vimos pela primeira vez as ainda muito fortes marcas deixadas pelo incêndio que ocorreu no parque em Janeiro de 2012, causado por um turista israelense e que deixou um grande estrago. Realmente todo cuidado é pouco em lugar como este e todos devem prestar muita atenção no video educativo que passa na entrada do parque.
Quando eu já estava começando a duvidar da existência do “tal” Paine Grande Lodge enfim o avistamos bem ao lado do Lago Pehoe. Não sabia se eu me empolgava mais com a paisagem ou com a proximidade do lodge. Já estávamos muito cansados depois de caminhar tanto e foi muito bom chegar pra descansar. 🙂
Dos quatros lugares que ficamos hospedados dentro do parque este foi o com melhor estrutura. Apesar de pequeno, nosso quarto não era compartilhado e tinha uma beliche e um espaço pequeno para transitar e deixar as mochilas. Tinha aquecedor disponível (não conseguimos fazer o nosso funcionar direito) e não há locker.
E de acordo com o site do lodge ele tem lugar para 100 pessoas divididas em 22 quartos com 2 ou 3 beliches cada, mas o nosso só tinha uma. Acho que demos sorte.
Ao contrário dos três anteriores, este alojamento não é gerenciado pela Fantastico Sur e sim pela Vertice Patagonia. Ele é incluído no programa de 5 dias da Fantastico Sur, mas não tem o pisco sour de cortesia. Sim, sentimos falta. 🙂
E pra quem já sentia falta da internet há alguns computadores. É pago, mas não lembro o preço.
O restaurante é espaçoso e para o jantar tivemos uma massa muito boa com salada. Tomamos um vinho para celebrar o dia cansativo e fomos dormir em seguida porque no dia seguinte iríamos fazer a última perna do W para completar o circuito.
Este passeio foi realizado com o apoio da Fantástico Sur.
Leia os outros posts da viagem à Patagônia:
- Patagônia – Roteiro
- El Calafate – Tour ao Glaciar Perito Moreno
- El Calafate – Passeio de Barco por Todos Los Glaciares
- Puerto Natales – Um Descanso antes do Circuito W
- Circuito W – A Chegada ao Parque Torres del Paine
- Puerto Natales – Pizzaria Mesita Grande
- Circuito W – Las Torres del Paine
- Circuito W – Pelo Lago Nordenskjold até Los Cuernos
Leia também as dicas de fotografia na Patagônia:
Oi, Helder. Tudo bem? 🙂
Seu post foi selecionado para a #Viajosfera, do Viaje na Viagem.
Dá uma olhada em http://www.viajenaviagem.com
Até mais,
Natalie – Boia
Olá Natalie, tudo bem e com você?
Ficamos muito contentes pela escolha.
Abraços,
Helder