Três Anos de Nerds Viajantes »
Depois que fizemos as longas trilhas para a Laguna Torre e para a Laguna de Los Tres em El Chaltén ainda restava uma em nosso planejamento, a trilha para a Loma del Pliegue Tumbado. É uma caminhada de cerca de 10 quilômetros (cada trecho) com subida constante mas que na maior parte não é pesada. A exceção é no final, se o caminhante optar por subir até o alto de um morro após o mirante. No total há um ganho de quase 1200 metros de altitude e o tempo de percurso é estimado em 4 horas. A recompensa? Uma das vistas mais lindas da região de El Chaltén!
O nome Loma del Pliegue Tumbado é dado aos três morros que há na parte final da trilha. Loma, segundo aplicativos tradutores, quer dizer morro, colina. Não há nada de especial com esses três morros que dão nome ao lugar, especialmente quando comparado com os vizinhos mais famosos. O que torna este lugar interessante é a vista única que temos da região.
A trilha começa no centro de visitantes, na entrada da cidade, depois da ponte perto da rodoviária. O início é o mesmo do caminho para o mirador de los condores mas em poucos metros elas se separam e nós seguimos no caminho à direita. No lugar há uma placa informativa. A trilha para a Loma del Pliegue Tumbado vai junto da trilha para Laguna Toro até um ponto onde a primeira segue à direita e a segunda à esquerda.
A trilha pode ser dividida em três partes, sendo que na primeira a vegetação é aberta, quase sem sombras, a segunda é de mata fechada com muita sombra e no final é aberto e com vegetação rasteira ou apenas pedras e cascalho. A última parte, inclusive, é muito perigosa em dias com fortes ventos pois não há como se proteger. Nós achamos que o melhor lugar para descansar ou comer um lanche é na parte com sombras, onde inclusive há bancos de madeira.
Nas partes abertas é possível ver o Fitz Roy e o Cerro Torre, se o dia estiver aberto. Nós demos sorte e vimos o Fitz Roy várias vezes pelo caminho. Já o Cerro Torre insistia em se esconder mas felizmente no final da trilha ele ficou aberto por um bom tempo. No início da trilha dá pra ver El Chaltén e já mais no alto é possível ver até o Lago Viedma. E como na Patagônia o céu pode mudar rapidamente há oportunidades de ver os cenários tanto na ida quanto na volta. Pode-se observar nas fotos abaixo a variação de formato das nuvens ao redor do Fitz Roy em diferentes momentos.
Não é uma trilha com muita água disponível, passamos por apenas três pontos de água corrente. Então vale a pena sempre encher a garrafa quando tiver oportunidade.
Mesmo não tendo nenhuma parte mais íngreme ou perigosa (com exceção dos últimos 200 metros no final), nós seguimos um ritmo moderado porque a subida era constante e também por causa do cansaço acumulado das trilhas anteriores. Como os dias são longos no verão patagônico, tínhamos muito tempo para fazer a trilha. No fim da trilha, já na parte aberta e sem vegetação, a vista é maravilhosa. O cenário com o Cerro Torre, a Laguna Torre e o Cerro Fitz Roy deixa qualquer um de queixo caído. Eu cheguei um pouco antes da Nerd, que vinha em um ritmo um pouco mais lento, e subi em uma grande pedra para descansar e esperá-la chegar.
No final havia ainda um morro mais forte para chegar ao último mirante. A Nerd achou melhor esperar por ali mesmo enquanto eu resolvi seguir em frente. Além de inclinado o caminho até o topo as vezes não era muito bem sinalizado, mas dá pra ir pelo rumo mesmo. Em determinado ponto eu cheguei a passar ao lado da neve. Mas valeu todo o sacrifício. Do alto a vista de 360 graus é inesquecível! É possível ver do mesmo ponto o Cerro Torre, Laguna Torre, Fitz Roy, Cerro Huemul, a cidade de El Chaltén, Laguna Capri, Laguna de los Condores e até o Lago Viedma. Bastava apenas mover o pescoço. A sequência de fotos abaixo foi tirada deste ponto mais alto.
Além da linda vista e a sensação do “dever cumprido” eu ainda tive um outro motivo para comemorar. Estava lindão e aberto na minha frente o Cerro Torre, que tanto insistiu em fazer hora comigo. 🙂 Acho que ele deixou para se mostrar exatamente na vista mais bonita. Não perdi a chance e tirei algumas fotos. É realmente uma das montanhas mais fotogênicas que eu já vi.
A descida deste último mirante é forte perigosa e deve-se tomar cuidado. Eu desci devagar para não desgastar o joelho e não correr o risco de escorregar. Quase no final da descida um encontro “inesperado”. Encontrei o Rodrigo e a Ana, do blog 1000dias, trocamos algumas palavras e combinamos de sair mais tarde na cidade. Eles me contaram que encontraram a Nerd descansando em sua pedra no primeiro mirante e ficaram um tempo por lá com ela. Foi muito legal encontrar os dois, já que sou fã assumido do projeto e do blog deles. Em 2012 nós quase nos encontramos no Grand Teton e Yellowstone, mas não deu certo na época. Eles me avisaram que a Nerd tinha começado a trilha de volta para cidade e eu comecei a descer enquanto eles continuaram subindo.
A volta desta trilha é muito tranquila, uma das mais fáceis que já vi, apesar da distância. É uma descida constante mas leve e sem perigos. Eu segui em ritmo forte para tenta alcançar a Nerd, mas nada de encontrá-la pelo caminho. Eu cheguei a me preocupar, já que o tempo passava, a cidade estava cada vez mais perto e nada. Quando cheguei no centro de visitantes lá estava ela linda, leve e solta descansando em um banco. Fiquei aliviado e sentei ao lado dela para descansar. Rapidamente o Rodrigo e a Ana chegaram como dois foguetes e eu percebi que não tinha descido tão rápido assim. E pra fechar o dia incrível nós pegamos uma carona na Fiona até o centro da cidade. 🙂
Grandes amigos!!! Que saudades dsse lugar e de vcs! Parabéns pelo post e pelas fotos!!! Então, ficamos completamente fora e longe do nosso "escritório" por um tempo e aquele pedido das fotos ficou meio perdido em alguma estante do passado. Agora, já de volta, vou procurar e envio para vcs. Para qual endereço querem que a gente mande? Um grande abraço ao casal e um 2015 cheio de aventuras para vcs!
Olá amigos, tudo bem? Saudade de vocês também, uma hora dessas dá certo de a gente dar um pulo aí ou vocês vem aqui, temos muita coisa boa por aqui também! Em relação às fotos não tem erro não, quando der vocês mandam. Vou passar via mensagem no face um email pra vocês mandarem. Grande abraços e um 2015 cheio de aventuras pra vocês também!
Helder Ribeiro Joia! Já estou com elas prontas e esperando o endereço! E vamos marcar esse reencontro, seja na Serra do Cipó, seja na Ilha do Mel!
Olá, gostei muito do relato desse passeio!
Vou para El Chalten em janeiro do ano que vem e passarei apenas três dias. Já decidi fazer o treck na Laguna de Los Tres e o Ice Track Viedma. Qual trilha você recomendaria para o terceiro dia?
Olá Elisa, tudo bem? Que bom que você gostou!
Olha, eu escolheria entre a trilha para a Laguna Torre e esta aqui do Pliegue Tumbado. A da Laguna Torre é mais leve, com menos inclinação, mas eu acho que a vista desta do Pliegue é mais bonita e ela nem é pesada como a da Laguna de Los Tres (que você já decidiu fazer e eu acho que é a mais bonita mesmo). Enfim, eu prefiro a do Pliegue Tumbado mas a decisão é sua. 🙂
Abraços e boa viagem!
Helder